Fotos: Antonio Olinto e Rafaela Asprino
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Usando o conceito de Antonio Olinto, o primeiro brasileiro a dar a volta ao mundo em 3 anos de cicloviagem (mais de 46mil km pedalados por 34 países), “a característica primordial do cicloturismo é a mudança da concepção do exercício físico, ou seja, o cicloturista não está procurando recordes ou grandes velocidades, ele está procurando desafio, recreação e conhecimento”.
Chegar é o menor dos propósitos quando se está em um percurso Cicloturístico, porque importa substancialmente apreender do mundo seus melhores roteiros, crescer enquanto ser humano metro a metro galgado, interagir com as paisagens naturais e culturais e, em cada lugar e com cada pessoa que encontrar, levar e deixar as melhores sensações.
Fotos: Antonio Olinto e Rafaela Asprino |
É através do Cicloturismo que uma série infindável de localidades se permitem descobrir, por vezes, ao final de uma subida interminável de terra batida sob um sol escaldante, ou ainda, após centenas de quilômetros sem sequer dizer uma palavra dirigida a alguém, tamanha a solitude sem sofrimento.
Pelo cicloturismo podemos acessar determinadas comunidades que ficam localizadas fora do eixo tradicional de estradas de rodagem preferidas pelos automóveis.
Ao mover-nos por estradas vicinais estamos mais próximos, por exemplo, de uma vindima (época de colheita da uva), do processo de obtenção do vinho e da cultura que o envolve lá nos Caminhos de Pedra de Bento Gonçalves – RS; ou experimentar o Queijo Canastra na Serra de mesmo nome, que tem um similar em outra parte do mundo, na região de Viseu, na localidade de Serra de Estrela – Portugal. Ou quem sabe, ainda, ter a possibilidade de assistir a produção de peças de cristais Cá d’Oro, na simpática e acolhedora cidade de Poços de Caldas - MG.
Fotos: Antonio Olinto e Rafaela Asprino |
Nestes espaços, o viajante silencioso (cicloturista) interage com o lugar, sua gente, sua prática cotidiana, e aprende com isto.
Uma das tônicas da cicloviagem é, sem dúvida, a possibilidade de conhecer como acontece a vida do outro, e tratar de guardar estes conhecimentos em uma memória afetiva e vivencial de grande valor. Tudo isto colabora para que a viagem cicloturística também seja um momento especial de autoconhecimento, de aprofundar-se em si e até mesmo de redescobertas.
O Cicloturismo é um convite à descoberta, de si, dos outros e do mundo.
Enquanto se desenvolve a viagem cicloturística, ao olhar a paisagem vamos acessando nosso repertório de conhecimentos comparando as imagens percebidas com aquilo que um dia aprendemos em casa, na escola ou lendo um livro de Guimarães Rosa, como Grandes Sertões: Veredas, por exemplo.
Fotos: Antonio Olinto e Rafaela Asprino |
É uma troca, que não precisa ser nem na mesma medida e nem na mesma espécie. Dizemos, por isso, que depois do encontro entre o visitante e o visitado, nem um nem o outro seguem os mesmos.
O conhecimento proporcionado pelo contato com os diferentes, nestas circunstâncias cicloturísticas, promove o estabelecimento de um elo de afeto pela localidade, e, por conseguinte, aumenta o valor da experiência que almejamos. Os cicloturistas, inclusive, costumam postar nas mídias sociais as melhores noções sobre lugares que foram significativos.
Então, parte do que fazemos está intimamente conectado ao universo de cicloviajantes que está cruzando latitudes e longitudes, exatamente neste momento em que você lê estas linhas.
O convite está feito. Vamos juntos viver experiências além dos sentidos a bordo de uma bike.
Por Therbio Felipe M. Cezar
Conheça o trabalho de Antonio Olinto e Rafaela Asprino clicando aqui
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